CONHECER
AS HIPÓTESES DE ESCRITA DOS ALUNOS
AVALIAÇÃO
PROCESSUAL – UTILIZANDO A SONDAGEM
A sondagem é um dos recursos de que você
dispõe para conhecer as hipóteses que os alunos ainda não alfabetizados possuem
sobre a escrita alfabética e o sistema de escrita de uma forma geral. Ela
também representa um momento no qual os alunos têm a oportunidade de refletir
sobre aquilo que escrevem, com sua ajuda.
A realização periódica de sondagens é também
um instrumento para seu planejamento, pois permite que você avalie e acompanhe
os avanços da turma com relação à aquisição da base alfabética, além de lhe
fornecer informações preciosas para o planejamento das atividades de leitura e
de escrita, assim como para a definição das parcerias de trabalho entre os alunos
(agrupamentos) e para que você faça boas intervenções no grupo.
Mas o que é uma sondagem? É uma atividade de
escrita que envolve, num primeiro momento, a produção espontânea pelos alunos
de uma lista de palavras sem apoio de outras fontes escritas. Ela pode ou não
envolver a escrita de frases simples. É uma situação de escrita que deve,
necessariamente, ser seguida da leitura pelo aluno daquilo que ele escreveu.
Por meio da leitura, você poderá observar se o aluno estabelece ou não relações
entre aquilo que ele escreveu e aquilo que ele lê em voz alta, ou seja, entre a
fala e a escrita.
Nesta proposta, sugerimos que sejam
realizadas sondagens avaliativas logo no início do ano, em fevereiro, em abril
e no final de junho. Assim, ao longo do primeiro semestre letivo, será possível
analisar o processo de alfabetização dos alunos em três momentos diferentes.
Entretanto, para fazer uma avaliação mais global das aprendizagens da turma, é
interessante recorrer a outros instrumentos – inclusive a observação diária dos
alunos –, pois a atividade de sondagem representa uma espécie de retrato do
processo do aluno naquele momento. E como esse processo é dinâmico e na maioria
das vezes evolui muito rapidamente, pode acontecer de, apenas alguns dias
depois da sondagem, os alunos terem avançado ainda mais.
Feitas essas observações iniciais,
compartilhamos os critérios de definição das palavras que farão parte das
atividades de sondagem deste semestre.
São eles:
- As palavras devem fazer parte do vocabulário
cotidiano dos alunos, mesmo que eles ainda não tenham tido a oportunidade de
refletir sobre a representação escrita dessas palavras. Mas não devem ser
palavras cuja escrita tenham memorizado.
-
A lista deve contemplar palavras que variam na quantidade de letras,
abrangendo
palavras monossílabas, dissílabas etc.
-
O ditado deve ser iniciado pela palavra polissílaba, depois pela trissílaba,
pela dissílaba e, por último, pela monossílaba. Esse cuidado deve ser tomado
porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo
de letras, poderão recusar-se a escrever se tiverem de começar pelo
monossílabo.
-
Evite palavras que repitam as vogais, pois isso também pode fazer com que as
crianças entrem em conflito – por causa da hipótese da variedade – e também se
recusem a escrever.
-
Após o ditado da lista, dite uma frase que envolva pelo menos uma das palavras
da lista, para poder observar se os alunos voltam a escrever essa palavra de
forma semelhante, ou seja, se a escrita dessa palavra permanece estável mesmo
no contexto de uma frase.
-
Por isso, sugerimos que seja organizada uma lista de alimentos que se compram
na padaria:
MORTADELA
PRESUNTO
QUEIJO
PÃO
O
MENINO COMEU QUEIJO
Dicas para o encaminhamento da sondagem
- As
sondagens deverão ser feitas no início das aulas (em fevereiro), início de
abril, final de junho, ao final de setembro e ao final de novembro.
- Ofereça papel sem pauta para as crianças, pois assim será possível
observar o alinhamento e a direção da escrita dos alunos.
- Se possível, faça a sondagem com poucos alunos por vez, deixando o
restante da turma envolvido com outras atividades que não solicitem tanto sua
presença (a cópia de uma cantiga, a produção de um desenho etc.). Se
necessário, peça ajuda ao diretor ou a outra pessoa que possa lhe dar esse
suporte.
- Dite normalmente as palavras e a frase, sem silabar.
- Observe
as reações dos alunos enquanto escrevem. Anote aquilo que eles falarem em voz
alta, sobretudo o que eles pronunciarem de forma espontânea (não obrigue
ninguém a falar nada).
- Quando
terminarem peça para lerem aquilo que escreveram. Anote em uma folha à parte
como eles fazem essa leitura, se apontam com o dedo cada uma das letras ou não,
se associam aquilo que falam à escrita etc.
- Faça
um registro da relação entre a leitura e a escrita. Por exemplo, o aluno
escreveu k B O e associou cada uma das sílabas dessa palavra a uma das letras
que escreveu. Registre:
k
B T
(PRE) (SUN)
(TO)
-
Pode
acontecer que, para PRESUNTO, outro aluno registre BNTAGYTIOAMU (ou seja,
utilize muitas e variadas letras, sem que seu critério de escolha dessas letras
tenha alguma relação com a palavra falada). Nesse caso, se ele ler sem se deter
em cada uma das letras, anote o sentido que ele usou nessa leitura. Por
exemplo:
BNTAGYTIOAMU
Se algum aluno se
recusar a escrever, ofereça-lhe letras móveis e proceda da mesma maneira.
Fonte:
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