sexta-feira, 23 de maio de 2014

“Ideologia, eu quero uma pra viver.” DESDE QUE ME CONHEÇOP POR GENTE PROCURO POR UMA ..






É comum vermos nas redes sociais brigas entre o pessoal “de esquerda” e “de direita”. Não é a mesma coisa, mas quando leio um texto apaixonado de uma pessoa que se diz estar em um desses dois extremos, lembro-me muito das discussões no campo da religião e do ateísmo. Vejo ataques de ambos os lados, tanto nos extremos do campo religioso quanto do político; mas neste último, algo interessante acontece. Por vezes, diante dos mesmos números, dos mesmos fatos, dos mesmos fenômenos ambos os lados conseguem justificar a escolha da posição tomada. Ou seja, ser “de esquerda” ou “de direita” consiste, sobretudo, em uma diferença entre duas percepções da realidade.

Há vários cientistas políticos, sociólogos, filósofos e historiadores que explicam essa diferença entre esquerda e direita, mas estão longe de chegar a um consenso. Há muitos que começam nos lembrando que esses termos remontam à Revolução Francesa. Lembram-se das aulas de história? Os Girondinos, à direita no plenário da Assembléia nacional, representavam os nobres e os burgueses ricos; os Jacobinos, sentados à esquerda, eram representantes da pequena burguesia e do povo. Há quem afirme que a diferença veio de muito antes. Se nem o passado nos é claro, imagine o presente. Atualmente, há até quem defenda que a diferença não existe mais.
De qualquer forma, hoje ou no pretérito conseguimos enxergar as posições de esquerda e de direita, a despeito das várias nuances em cada tempo e local no mundo. E está longede poder ser redutível e discutível na superficialidade como é feito em postagens em redes sociais com fotos e piadas, em sua grande maioria sempre desqualificando o outro lado. “Eu corrompo, mas você corrompeu muito mais” não é o discurso que eu quero levar em consideração para essa análise, mesmo porque por esse caminho daremos não com os burros n´água, mas em um lamaçal fétido. Para expôr esse cenário, por exemplo: a direita muitas vezes se legitima em nome da experiência consolidada, da segurança e da prudência, ainda quando, na prática, vemos os conhecimentos sendo desprezados, as experiências esquecidas e as imprudências correndo a olhos vistos como os esgotos nas comunidades que colocam em risco todos que ali moram. Por outro lado, a esquerda se pauta no presente e na esperança de umbelo mundo no futuro pleno de matas mais verdes, céus mais azuis e pessoas mais livres. Mas, na prática, temos posicionamentos que podemos interpretar como injustos, maldosos, e quiçá piores do que já vimos no passado. Então, de nada nos serve seguir por essa estrada porque, no plenário, onde daremos, a diferença se esvai. Ocorreu, afinal, a esperada inversão de comportamentos depois da vitória da esquerda nos últimos embates presidenciais?

Já fui ingênua e acreditei que tínhamos de um lado a falta de princípios por parte da direita e, de outro, uma tendência clara da esquerda em direção às normas éticas ou morais na forma de se conduzir em política. Reconheço que nada saiu exatamente como as minhas expectativas, e diante no novo quadro que se apresentou, perguntei-me se ainda podemos acreditar na existência de diferenças reais de comportamento, de postura prática, de atitudes mentais no grande jogo da política. Há ainda, de fato, alguma oposição fundamental, alguma separação que não seja uma bifurcação ética entre a esquerda e a direita no nosso país? É uma questão que, a meu ver, não é simples, mas que se faz urgente respondê-la, pois temos, por natureza, que agrupar forças para que lutemos por um Brasil melhor. Temos que querer, então, assim como Cazuza, uma ideologia para viver e exercer a nossa cidadania.

Também não quero cair na ladainha de ficar falando mal de brasileiro ou fazendo piada com o Brasil. Estamos vendo pelos noticiários que o problema não é só nosso. Podemos dizer que nos países ditos desenvolvidos há uma classe política “mais virtuosa” que a nossa? Claro que não. Em se tratando de política, o comportamento suspeito é universal, ainda que tenhamos um cenário específico do ponto de vista da ética pública. Para consertar o que aqui está no nosso país, precisamos como todos sabemos, de uma reforma e que esta seja, acima de tudo, uma reforma moral para que nos posicionemos diferente em relação ao comportamento dos nossos políticos que, pasmem, são os escolhidos por nós.

Mas, então, onde se dá a diferença da esquerda ou da direita se não mais a encontramos nos valores da moralidade individual dos militantes dos partidos? Podemos encontrá-la em textos preconceituosos como os de Rodrigo Constantino que escreve no jornal O Globo? Em sua coluna ele afirmou que um esquerdista é aquele que “jamais precisa se importar com a coerência, com o resultado concreto de suas ideias, com pobres de carne e osso”, pois “ele goza de um álibi prévio contra qualquer acusação, afinal, é de esquerda, ou seja, possui as mais lindas intenções”. E isso, segundo Constantino “é o suficiente. Um esquerdista pode tudo!”. Acho complicado atacar dessa forma, porque não há dúvidas que a resposta pode ser, no mínimo, muito desfavorável à posição política que o jornal, como um todo, defende. Bah. De que adianta, estimular a briga e a impaciência em ambas as partes? Eu que não quero dialogar compessoas que sofrem da síndrome de pânico conspiratório e não sabem se defender de uma forma diferente senão a de atacar.
Hoje, penso eu, para perceber a diferença temos que observar não mais aideologia de cada partido, e sim as maneiras diferentes de cada um de vivenciar o tempo histórico, como já me disse um dia Olavo de Carvalho. E a partir daqui, posiciono-me politicamente com o que observo e com as diferentes narrações contadas pelos mais diversos jornais de um mesmo fato e/ou diante uma mesma planilha de dados.

O meu foco está na relação que cada vertente tem com o trabalho e a educação. Verifiquei que os ruralistas, por exemplo, e os grandes latifundiários são rotulados como membros das classes produtoras. Perguntei-me sobre quem realmente produz. Onde ficam os trabalhadores de campo em alguns jornais e que porcentagem da reportagem é dada a eles? Estendi essa pergunta para vários outros meios de produção em nosso país. Procurei respostas em diversos jornais e revistas e as obtive em formas diversas, quiçá contraditórias. Sobre o programa Bolsa-família, outro exemplo, temos, diante os mesmos números, os que consideram que a bolsa estimula a inércia, premiando milhões de vagabundos e, do outro lado, temos aqueles que apontam que dezenas de milhões de brasileiros saíram da miséria e acreditam que esses vão mais longe se fiando na notícia que um milhão de “bolsistas” devolveram a sua bolsa ao Governo porque já conseguiram caminhar sozinhos. O objetivo da esquerda é claramente modificar a sociedade, mudando a estrutura social e os meios de produção, e isso exige uma organização e um empenho que, de fato, está bastante questionável. Mas continuando… Sobre o programa das cotas, temos claramente de um lado pessoas dizendo que a política está premiando os piores, ou seja, atrapalhando a “seleção natural”. Do outro lado, há os que lutam pelas cotas como instrumento de correção social, um pagamento de dívidas históricas contraídas ao longo da história. Não quero, porém, ficar no lugar-comum dessa avaliação, ainda mais sendo uma educadora. Não vou me enveredar na discussão sobre capacidade intelectual e conhecimento adquirido, mas quero, ainda assim, insistir no tema.

Na posição de professora que já trabalhei rede particular, na rede estadual e que hoje continuo9 defendendo cotistas, levanto a bandeira que a relação escola-cidadania presente nos nossos documentos oficiais precisa ser analisada com um cuidado especial. De fato, a educação sempre esteve a serviço de um determinado tipo de cidadania. Queremos que a educação forme um sujeito reflexivo, crítico, que fomenta a emancipação popular ou queremos que ela seja a responsável pela formação de indivíduos acríticos, obedientes e conformistas, contribuindo para manutenção de um quadro de inércia coletiva diante das questões sociais? Na história da educação brasileira, até mesmo na época da ditadura, a legislação educacional não deixou de mencionar, como principal finalidade do processo educacional, a formação do cidadão. Há muitos paradigmas de cidadania e temos que saber qual está sendo adotado na educação: para as elites condutoras ou para as massas a serem conduzidas? Analisando os documentos oficiais, a resposta foi clara. Afinal, não podemos e não devemos considerar que a escola pode se aproximar de instituições vinculadas não aos interesses concretos do povo, mas sim aos interesses dos processos produtivos? Se tomarmos em consideração que vivemos em um país que condenou milhares de pessoas a uma vida demarcada por condições de miséria, desemprego, violência, e demais indicativos de condições sociais inaceitáveis e as políticas sociais que o atual governo está implantando, o assunto ‘cidadania’ deverá ser, no mínimo, mais esclarecido. E em verdade, em verdade vos digo, que o ensino de ciências praticado na maioria das escolas brasileiras, contribui como um instrumental de formação política e não-reflexão sobre as mazelas do país e do mundo, além de influenciar a postura do indivíduo diante dos problemas que nos afetam diretamente como a saúde pública, por exemplo. Quanto a isso, há muito estudo em andamento da minha parte e muitas discussões filosóficas das quais participo, mas gostaria que pensassem sobre uma questão: qual a porcentagem que a educação científica recebida nas escolas teve, citando um exemplo atual, para a atitude arisca dos médicos brasileiros em relação à vinda dos médicos cubanos com o propósito de atuarem ....e olha que isso da uma outra longa discussao mas focando na educaçao o que de fato fazemos com nossos alunos e ai voltmamos aos medicos....
Ao ver médicos que ajudei a formar, percebi que estava, sem saber, imersa até o último fio de cabelo nesse sistema que se auto-reproduz “naturalmente” e ajudando a fortalecê-lo. Para quem não acredita no minha conclusão, pergunto-vos: Em que medida seus professores de ciências ajudaram a formular o conceito de ‘ciência’, ‘cientista’, ‘método científico’, ‘saúde’, ‘vida’, ‘organismo, natureza’, etc. que você tem hoje? Em que medida o seu

professor de física estimulou você a refletir sobre esses conceitos? Já ouviu dizer que “a ciência é linda”? Que é “um conhecimento que se dá apoiado em bases sólidas”? Que é “objetiva por natureza e não subjetiva como as ciências não-exatas”? Quem te iludiu quanto a isso? Afinal, a ciência não pode ser entendida como prática que se define a partir de um conjunto de crenças, princípios e normas compartilhadas por uma determinada coletividade??? Para onde vai essa objetividade?
Nessa esteira, continuo o meu raciocínio: como PROFESSORA apaixonada por tal ,nao me


vejo tem contribuíndo para o fortalecimento de vínculos com correntes político-educacionais que apenas alimentam a mera reprodução de um sistema e, de que forma ele tem também contribuído para que atitudes sociais sejam tomadas “conscientemente” tais como a preservação da hegemonia cultural das instituições sociais ou, por exemplo, a aceitaçãosobre o diagnóstico e/ou medicação prescrita por um profissional de saúde? A (ingênua) segurança que você sente ao ouvir “foi comprovado cientificamente” tem origem onde?

Nosso ensino está a serviço de um sistema que, por sua vez, está a serviço da elite e ajuda a mantê-lo. E não é à toa que “o outro mundo” defendido pelos esquerdistas é tão difícil de ser alcançado. Não é sem motivo que as cotas são recebidas com asco por muita gente. Não é por acaso que os Constantinos que escrevem para grandes jornais de ampla penetração querem que eu me envergonhe de minha posição política, dizendo que, nós, esquerdistas, temos “um salvo-conduto para defender todo tipo de atrocidade”, não é sem propósito que somos rotulados como românticos, intelectuais, ingênuos e defensores de bandidos. Tornamo-nos, é claro, figuras teimosas, concordo, mas entendo que assim tem que ser se queremos mudar. Não é atacando o outro e sim entendendo o outro que conseguiremos lutar contra o conformismo em relação ao que está aí dito “natural”. Há de se semear com muito cuidado e fazer brotar um outro Estado, uma outra forma de vida material e cultural e novas relações sociais. Não é simples, não é fácil e não acredito que alguém saiba como fazer isso eu acredito na Educaçao no poder da consciencia de cada educador , no poder que a nos foi dado pela essencia de nossa atividade.
Diante a complexidade do assunto que está longe de se esgotar aqui (e se o faço é para não cansar mais o leitor e a mim mesma), entendo, sobretudo, que não há “uma” esquerda e “uma” direita em nosso país e que ninguém absolutamente é detentor de uma Verdade Única. Vejo muitos, como eu, refluindo sobre alguns passos, repensando em tudo o que aconteceu para que as fantasmagorias do passado não voltem a nos cegar a visão do horizonte. Isto, eu sei, não me dá a garantia de que não me iludirei novamente. O que não posso é deixar de acreditar nas urnas como um instrumento de mudança.




O que não posso é deixar de acreditar em um futuro que, tal como sempre cantamos juntos, espelhe, de fato, a nossa grandeza. Continuarei fazendo isso amparada sobre a minha nova concepção de diferença entre as duas vertentes políticas. Bastante atenta. Seguindo pela esquerda.

Postado por Coisas de Rosane às 08:23 Nenhum comentário:Links para esta postagem

terça-feira, 20 de maio de 2014

O perfil do professor garantindo a Inclusão



Com a inclusão, o professor do ensino regular tem uma diversidade cada vez maior de alunos com necessidades específicas. São alunos cegos, surdos, com perdas auditivas leves ou severas, alunos com déficit de atenção ou com hiperatividade... 
Tais características pedem um professor cada vez mais apaixonado pela docência e preparado para todos os desafios vivenciados em sala de aula. Ele precisa desenvolver habilidade, sensibilidade e competência técnica em interações diárias e ter flexibilidade para fazer as adaptações necessárias para favorecer o desenvolvimento da criança e o aprendizado do currículo em voga. É claro que para isso ele precisa se capacitar, estudar, fazer cursos, tudo que o possibilite conhecer profundamente as necessidades específicas de seus alunos. Toda a criatividade possível para lidar com as mais diferentes estratégias pedagógicas será necessária.
É claro que o nosso leitor pode estar se perguntando “como isso é possível, se muitas vezes o professor não tem dinheiro nem mesmo para comprar um livro?”. De fato, a realidade do professor da escola pública no Brasil ainda é crítica. Mas estamos falando, aqui, do ideal. Vamos lembrar que a criança com perda auditiva necessita de mais dedicação do professor. E é disso que estamos falando. Acima das dificuldades, das carências e da falta de uma política de valorização do educador em geral, ressaltamos o perfil de superação necessário para vivenciar essa situação em sala de aula.

O aprendizado do aluno
No caso de criança com deficiência auditiva que está sendo acompanhada na abordagem aurioral, o professor deverá ter conhecimento de “como” e “o quê” falar. Ao falar, deverá dirigir-se diretamente à criança, utilizando vocabulários e comandos simples e claros. Ele também deverá prestar atenção ao utilizar linguagem figurada ou gírias porque precisará explicar ao aluno o significado, assim como ao usar sinônimos. A palavra deverá estar sempre dentro de um contexto significativo, e não isolada, permitindo à criança fazer relações e comentários que possam dar ao professor informações adicionais para uma análise mais aprofundada do desenvolvimento linguístico do aluno.
Outra dica muito importante é que o professor garanta sempre a compreensão das ordens e instruções das atividades de sala de aula. É comum os alunos não fazerem a tarefa por não terem compreendido a instrução do professor.

• Localização do aluno na sala: O professor deve determinar o lugar da criança na sala, garantindo a proximidade entre ambos. No caso de crianças usuárias de aparelhos de amplificação sonora e/ou implante coclear é importante que o falante/professor esteja o mais próximo possível do microfone do aparelho para uma melhor percepção dos sons da fala pela criança;
• Para aprender, toda criança precisa de um ambiente silencioso, especialmente a criança com deficiência auditiva usuária de dispositivos eletrônicos. Se possível a sala não deve ter janela voltada para uma rua barulhenta. No caso dos usuários de aparelhos auditivos, o som é amplificado e qualquer “amassar de papel” poderá se tornar um incômodo.
• Iluminação adequada: Assegure uma iluminação adequada na sala para facilitar a leitura orofacial por parte da criança.
• Comunicação: É imprescindível que todos os colegas e os professores das crianças com deficiência auditiva, usuária de dispositivos eletrônicos, conversem normalmente com elas. O professor tem papel muito importante no acesso, na construção e no aprimoramento da linguagem oral pela criança, por isso ele deve conversar, contar histórias, perguntar, explorar o uso da linguagem oral na sala de aula e garantir a compreensão de tudo o que é dito na sala. O professor deve exemplificar e mostrar para a criança com deficiência auditiva o que as outras crianças estão falando. Assim, a criança com deficiência auditiva se sentirá mais segura para se expor na frente de todos.
Para melhorar a comunicação, o professor deve:
• usar voz clara, em volume e articulação normais
• usar voz interessante e animada
• usar primeiro a voz para chamar a atenção
• estar sempre no campo visual dela ao falar
• reconhecer as tentativas de comunicação da criança
• não usar diminutivos em excesso nem fala infantilizada
• usar palavras-chaves para mudança de assunto ou uma explicação
• dar oportunidade de a criança ser compreendida por todos da sala de aula, aceitando e respeitando suas diferenças individuais.